domingo, 11 de novembro de 2007

Vida lida e escrita.
A vida, como os pontos nas frases, entre palavras, entre pausas e freadas, a vida é feita, de marcas que obviamente, nos marcam.
Quantos pontos finais nos impedem de seguir, nos empurram em quedas livres, abismos profundos.
Quantas vírgulas nos param, nos colocam para pensar e refletir.
No descanso sereno e manso da vida.
Quantos dois pontos nos fazem compreender o que vem a seguir.
As exclamações que explodem com o barulho elevado da nossa exagerada vida.
Perguntas com ou sem respostas, verdadeiras e falsas, depois de exclamações desconcertantes.
Acentos marcam ritmo.
Sintonizam as intenções que damos para a vida.
Nos mostram quando falar mais alto e nos calam, como os “hagás” mudos.
E nessa vida, palavras ainda não ditas. Livros vazios. Livros cheios.
Algumas páginas ainda, que queremos apagar.
Páginas que relemos para entender. Reviver.
É comum ceitarmos nossas cabeças em páginas velhas e sem novidades.
Atrás de novidades antigas que não virão mais.
Tentando reescrever com a mesma tinta azeda as páginas brancas que, como essa tela, eu preencho sem cessar.
E sem falar das páginas que ainda não existem.
Desse livro de assunto infinito, que vez ou outra, deixamos abertos para que outros escrevam em nossa pele seu livro lindo modo de viver.
Ou para que leiam em nossas veias os caminhos dos nossos doces rios vermelhos. E convivemos com as personagens da nossa biografia.Vasta e intensa.
Preciosas, nossas páginas é areia, de onde se faz ostra.
E saboreamos nossa passada divina, dentro do nosso mundo interior, escrevendo com o corpo quem somos.
Escrevendo no espaço ar nosso canto, em forma de conto.
E nosso pequeno simples livro é apenas uma personagem inútil.
Dentro do grande livro.
A Bíblia sagrada da vida. Leitura diária.
Escrita com nossa própria alma. Com as pegadas de nossa dança.
Com o sangue de Deus em pele de Cristo.
Para cada página virada, um beijo divino.
Mas a vida, meu amor, a vida é preciosa demais para ser escrita em livro.
Páginas desencontradas, dormidas na dor.
Distantes, esquecidas e mortas.
Numeradas com as horas do tempo.
A vida é escrita em pergaminho, meu filho.
Escrita com sopro divino entre barro, beijo e palavras.
Pergaminho é página única. Sem saudade, esquecimento e expectativas.
É lembrança, momento vivo, divino.

É oração.

Deixo aqui, então, espaço em branco.
Para quem quiser continuar escrevendo...
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Um comentário:

Mariana Pagotto disse...

Marquito querido, que bonito o seu blog... cheio da sua mais linda creatividade...
A minha preferida foi Sorriso de Mariana. Pode?

Beijocas na ponta do nariz.